quarta-feira, 24 de março de 2010

Professor de Educação Infantil

A trajetória da Educação Infantil

Hiperatividade

A Criança Hiperativa


Neste artigo:
- Introdução
- Como ocorre o distúrbio de déficit de atenção / hiperatividade?
- Quais são os sintomas?
- Como é diagnosticado?
- Tratamento
- Apoio aos pais e professores
"O distúrbio do déficit de atenção / hiperatividade é o distúrbio de saúde mental mais comum nas crianças. Seus principais sintomas são a dificuldade em prender a atenção, a hiperatividade e a impulsividade. Seu tratamento pode envolver diversas modalidades, mas é sempre importante que os pais e professores também recebam apóio para lidar com suas crianças".
Introdução
O distúrbio de déficit de atenção / hiperatividade (DDAH) ou TDAH Transtorno de déficit de atenção / hiperatividade como é mais conhecido, é o problema de saúde mental mais comum em crianças. As crianças que apresentam DDAH freqüentemente têm problemas com prestar atenção, hiperatividade e comportamento impulsivo.
O TDAH é sete vezes mais comum em meninos do que em meninas. As meninas são mais propensas a ter problemas com atenção e menos propensas a ter hiperatividade.
Como ocorre o distúrbio de déficit de atenção/hiperatividade?
Em cerca de 70% dos casos, o TDAH é hereditário, principalmente entre os meninos. As pesquisas continuam a se esforçar para encontrar porque esse distúrbio ocorre em algumas crianças, sem história familiar. Alguns fatores que podem contribuem com o risco de TDAH incluem:
• Abuso de substâncias durante a gravidez
• Tabagismo durante a gravidez
• Algumas doenças durante a gravidez
• Um trabalho de parto longo e difícil
• Falta de oxigênio para o bebê durante o nascimento.
• O cordão umbilical ao redor do pescoço do bebê durante o nascimento.
As pessoas com TDAH têm pequenas diferenças na estrutura do cérebro. Essas diferenças se situam na parte frontal do cérebro (área envolvida com o controle-próprio) e em alguns pacientes no centro do cérebro.
Quais são os sintomas?
A hiperatividade, usualmente aparece aos 2 ou 3 anos de idade ou até a primeira série. Os principais sintomas são:
• Problemas de concentração e falta de atenção. As crianças e adolescentes com TDAH mudam de atividade muito rapidamente, freqüentemente não terminam o que começaram. Eles também se distraem muito facilmente por barulhos ou outras coisas ao seu redor.
• Impulsividade. As crianças com esse sintoma freqüentemente reagem rapidamente sem pensar nos resultados. Eles também são impacientes e tendem a interromper outras conversas e começam tarefas sem nenhum planejamento.
• Hiperatividade (movimento excessivo). As crianças hiperativas são excessivamente inquietas. Quase nunca se sentam, e quando sentam, elas usualmente mexem-se ou jogam as coisas.
Sintomas comumente relacionados são:
• Dificuldade em organizar tarefas e projetos
• Dificuldade em se acalmar à noite para dormir.
• Problemas sociais por ser agressiva, barulhenta, ou impaciente em grupos.
Como é diagnosticado?
O pediatra da criança irá questionar sobre os sintomas e irá observar o comportamento da criança, com relação ao TDHA. Para diagnosticar o TDAH, deve estar claro que os sintomas persistem e interferem de forma importante na vida diária da criança. Os pais e professores da criança podem colaborar através do preenchimento de questionários, para a identificação dos sintomas na criança. A criança poderá ser avaliada por um psicólogo ou outro profissional de saúde mental, para a realização de testes de atenção e autocontrole.
Não há testes físicos tais como exame de sangue ou tomografias de cérebro disponíveis, para ajudar no diagnóstico do TDAH.
Existem 3 formas de TDAH:
• DDAH combinada. A criança apresenta todos os sintomas principais: falta de atenção, impulsividade e hiperatividade.
• Predominantemente falta de atenção. A criança tem problemas com foco e atenção. Essa forma de DDAH freqüentemente não é diagnosticada, porque a criança é muito pouco hiperativa ou impulsiva.
• Predominantemente impulsiva-hiperativa. A falta de autocontrole é o principal problema.
Tratamento
O tratamento do TDAH envolve três principais modalidades:
• Aprendizado de novas habilidades. As crianças com TDAH aprendem a lidar com situações altamente estimulantes, que as distraem e superexcitam. Elas devem aprender a estudar em lugares silenciosos e fazer pausas freqüentes. Na sala de aula elas trabalham melhor em carteiras individuais, do que em mesas coletivas. Freqüentemente um fundo musical instrumental pode também ser útil. Crianças com DDAH necessitam de mais estrutura e rotina diária que a maioria das pessoas.
• Treinamento comportamental: Programas de comportamento simples com recompensas diárias, podem ser bons para ensinar a prestar atenção por mais tempo e a se manterem assentadas.
• Medicamentos: desde 1920, alguns medicamentos tais têm sido usados. Eles são estimulantes, e parece atuar sobre áreas de autocontrole do cérebro. Esses medicamentos não deprimem as crianças, mas aumentam a auto-regulação. Cerca de 70% das crianças com DDAH apresentam uma melhora com o uso desses medicamentos. Os efeitos colaterais mais comuns são a perda de apetite e problemas para dormir. A dosagem de cada criança será ajustada gradualmente, para reduzir os efeitos colaterais. Algumas vezes, os medicamentos são usados apenas nos dias em que a criança vai para a escola.
Até quando podem ocorrer os sintomas?
Os sintomas do TDAH quase sempre perduram da infância precoce até a puberdade. Entre a puberdade e a idade adulta jovem, cerca de metade das pessoas que sofrem de TDAH tem uma redução importante dos sintomas. A outra metade pode apresentar uma mudança leve ou nenhuma mudança nos sintomas na idade adulta. Ser mais paciente e conseguir permanecer sentado são as demonstrações de melhora mais comuns.
Apoio aos pais e professores
As pesquisas têm esclarecido que a inclusão dos pais, no tratamento das crianças com TDAH, é importante para se alcançar o sucesso esperado. Os professores e diretores das escolas também devem estar envolvidos.
Em adição a terapia comportamental da criança, a terapia familiar pode ajudar a criança com TDAH e seus pais e irmãos a lidarem com os conflitos emocionais que quase sempre surgem no processo de manejo dessa condição.

A Brincadeira como experiência de Cultura na Educação Infantil

A brincadeira como experiência
de cultura na educação infantil
Angela Meyer Borba*

A brincadeira sempre foi uma atividade significativa na vida dos homens
em diferentes épocas e lugares. Estudos históricos mostram que
muitos jogos e brincadeiras da Europa medieval permanecem, ainda
hoje, em muitas partes do mundo. A brincadeira é, portanto, uma atividade
que, ao mesmo tempo, identifica e diversifica os seres humanos
em diferentes tempos e espaços. É também uma forma de ação que
contribui para a construção da vida social coletiva. Como patrimônio
e prática cultural, a brincadeira cria laços de solidariedade e de comunhão
entre os sujeitos que dela participam.
Para as crianças, a brincadeira é uma forma privilegiada de interação
com outros sujeitos, adultos e crianças, e com os objetos e a natureza
à sua volta. Brincando, elas se apropriam criativamente de formas de
ação social tipicamente humanas e de práticas sociais específicas dos
grupos aos quais pertencem, aprendendo sobre si mesmas e sobre o
mundo em que vivem. Se entendermos que a infância é um período
em que o ser humano está se constituindo culturalmente, a brincadeira
assume importância fundamental como forma de participação social e
como atividade que possibilita a apropriação, a ressignificação e a reelaboração
da cultura pelas crianças.
A compreensão das crianças como sujeitos de cultura vem provocando
uma revisão dos currículos para a educação infantil. Assim,
dimensões culturais como a brincadeira e as diferentes formas de expressão
artísticas deixam de ser atividades secundárias, ganhando
relevo e adquirindo a mesma importância que as atividades voltadas
para conhecimentos mais específicos, como é o caso da leitura e
da escrita. Ou seja, o currículo da educação infantil deverá integrar a
brincadeira, a música, a dança, as artes plásticas e a literatura, entre
outras produções culturais, ao trabalho com os conhecimentos dos
vários ramos das ciências.
Os espaços de educação infantil precisam garantir às crianças tanto
suas necessidades básicas físicas e emocionais quanto as de participação
social, de trocas e interações, de constituição de identidades e subjetividades,
de ampliação progressiva de experiências e conhecimentos
sobre o mundo, sobre si mesmas e sobre as relações entre as pessoas.
Essas diferentes dimensões se articulam por meio de um trabalho focado
nas relações sociais entre adultos e crianças, e destas entre si mesmas.
* Doutora em educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde é professora e membro do grupo gestor da Creche UFF.
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