sexta-feira, 26 de março de 2010

As Fases dos Desenvolvimento Infantil e suas características.

Fases difíceis no desenvolvimento infantil
Se você olha para seu filho e pensa: “quando bebezinho, ele era tão fofinho que eu tinha vontade de comê-lo. Hoje, eu me pergunto, porque eu não comi?”, é hora de entender porque certas etapas do desenvolvimento infantil são mais difíceis.
Se o filho está apresentando comportamentos que desafiam a paciência dos pais, pela freqüência e insistência com que ocorrem, não é de admirar-se que muitas vezes estes quase percam o controle e fiquem ansiosos para que esta fase seja substituída por períodos mais tranqüilos.
Nestas fases, na maior parte das vezes, as sugestões não são aceitas. Se os pais querem ir embora, a criança quer ficar. Se eles dizem que está frio, ela insiste em não se agasalhar. Além disso, a criança se considera o centro do universo: não há nada mais importante e urgente do que as suas necessidades, idéias e pensamentos. Contrariá-la significa a certeza de chuvas e trovoadas.
Nestes momentos os pais estão sendo colocados à prova para estabelecer de forma justa e equilibrada a permissão para a conquista de uma necessária independência, sem descuidar-se de impor alguns limites imprescindíveis. Mas conciliar esta relação e fazer com que ela seja aceita pelo filho é uma tarefa que em certos momentos é difícil e que exige muita paciência e negociação.
Estas fases se manifestam de forma mais intensa em certos momentos porque estes são períodos de desequilíbrio no processo de desenvolvimento, durante os quais muitas características estão alterando-se rapidamente e a assimilação destas mudanças são difíceis. Elas são típicas da criança em por volta dos dois anos de idade e no início da adolescência.
Descobrir-se com novas habilidades, saber exatamente o que fazer com elas e até onde pode ir com segurança, são desafios a serem enfrentados pela criança e pelo adolescente. Os padrões antigos de comportamento já não funcionam mais, entretanto, os novos ainda não foram definitivamente consolidados.
Tanto a criança de dois anos como o jovem adolescente estão na busca de mais independência, procurando caminhos para estabelecer suas próprias identidades. Quando os pais se conscientizam da necessidade do filho conquistar sua vida própria, e que para isto alguns períodos difíceis de transição são necessários, terão mais tranqüilidade para enfrentarem os desafios. E todos, pais e filhos, estarão prontos para vivenciar novas e mais tranqüilas etapas.
> Início > Crescimento e desenvolvimento
confundem características transitórias de determinados estágios do desenvolvimento dos filhos como definitivas.
O período da infância é subdividido em fases ou estágios, cada um deles com características próprias, durante os quais a criança vê o mundo e age de modo diferente, interage com as pessoas e o ambiente de forma diferente e está preocupada com questões diferentes.

Diversas linhas e teorias definem as fases ou estágios do desenvolvimento infantil, desde as que analisam o desenvolvimento neuro-psico-motor até aquelas clássicas desenvolvidas por autores como Freud, Piaget, entre outros.

Em linhas gerais, os estágios mantêm uma seqüência estável, nenhum é omitido, cada um é uma sequência do anterior e base para o seguinte, sendo que, apesar de cada fase ter uma idade aproximada durante a qual deve ocorrer, cada criança tem o seu próprio ritmo. Portanto, mesmo considerando que a sequência é sempre a mesma (todos passam por todas as fases), há variações individuais que dependem de características pessoais, estímulos, etc.

Conhecer as características de cada fase ajuda a identificar o que é normal e os desvios da normalidade. Assim o hábito do bebê levar tudo o que estiver ao seu alcance à boca, as crises de brabeza, a contestação dos limites, a insistência em responder todas as perguntas com um “não”, vivenciar fantasias, manipular os órgão genitais, manifestar uma curiosidade insaciável evidenciada pelo insistente “por quê?”, gostar de fazer coleções, entre tantas outras, são características transitórias e serão abandonadas na fase seguinte.

Um exemplo da transitoriedade destas características e da confusão entre a normalidade e o distúrbio é a agitação da criança em torno de dois anos de idade. De forma equivocada esta hiperatividade, normal e saudável, é às vezes classificada como distúrbio e algumas destas crianças até recebem tratamento!

Portanto, aqui o velho ditado “não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe” é uma realidade. As fases difíceis irão passar com o tempo, mas ao mesmo tempo a criança cresce, cria asas e voa...

As principais fases da linguagem
Complementando o texto sobre as “Primeiras palavras”, aqui está um breve resumo sobre como a criança evolui em relação ao desenvolvimento de sua linguagem no primeiro ano de vida até ampliar seu vocabulário e formar frases.
Estas fases da linguagem podem ser resumidas assim:
- Primeiro trimestre (do nascimento até completar três meses de idade)
Linguagem pré-verbal: olha para a face das demais pessoas, vocalização (balbucio) e sorriso.
- Segundo trimestre (dos três meses até completar seis meses de idade)
Vocalização mais ampla e associada a expressões faciais e corporais.
- Terceiro trimestre (dos seis meses até completar nove meses de idade)
A linguagem se enriquece com sons silábicos cada vez mais expressivos e ricos (repetição de sílabas: ta-tá-ta ou ba-bá-bá ou ne-nê-nê, por exemplo, o que é denominado lalação); expressa-se com linguagem corporal e gestual.
- Quarto trimestre (dos nove meses até completar doze meses de idade)
Começa a linguagem simbólica, onde as sílabas ou palavras curtas estão vinculadas às pessoas ou objetos (ma-ma, pa-pa), pode manifestar a chamada “palavra-frase”, onde uma única palavra ou sílaba tem o significado de uma frase inteira (como “bola” significando “me dá a bola” ou “vamos jogar bola”, etc.). Neste período a linguagem compreensiva é muito mais ampla do que a expressiva (não fala quase nada, mas entende “tudo”).
- Segundo ano de vida
Após completar um ano de idade, há uma ampla variação no ritmo em que cada criança vai desenvolver sua linguagem, como abordado no texto Primeiras palavras. A maioria começa a pronunciar palavras e algumas a formar frases curtas de duas ou três palavras.

Desenvolvimento da criança: entre os três e os cinco anos
Esta é uma idade durante a qual os pais têm um pouco mais de tranqüilidade em relação aos filhos, pois estes estão vivenciando uma fase mais estável, de mais independência e autocuidado. Já não é necessário um controle tão rigoroso, pois a criança tem um comportamento mais adequado, aceita compromissos e tolera períodos cada vez maiores longe dos pais.
Entretanto, em muitas crianças são freqüentes avanços e retrocessos nos comportamentos (ora agindo como crianças menores e ora com mais maturidade).
Nesta idade a criança tem um acentuado desenvolvimento nas áreas de linguagem, coordenação e aprendizagem. Desenvolve a capacidade para usar símbolos em pensamentos e ações e consegue lidar melhor com conceitos como idade, espaço, tempo e moralidade. Entretanto, não separa ainda o real do irreal e grande parte do seu pensamento é egocêntrico (é incapaz de considerar o ponto de vista de outras pessos).
A criança demonstra uma evolução significativa na interação com outras crianças e adultos e aprende funções consideradas adequadas ao papel sexual, bem como comportamentos socialmente aceitáveis. Assimila também o conceito de certo e errado, bom e ruim, embora ainda tenha dificuldade para entender as justificativas para estes conceitos.
É freqüente a criança desta idade assumir o sentido literal das palavras e frases e gostar de contar histórias da família sem inibição ou “censura” (veja o exemplo em O vaso roubado).
Esta é a fase típica dos “por quês”, pois a criança frequentemente demonstra curiosidade e interesse por tudo o que ocorre a sua volta.
O desenvolvimento rápido da linguagem e a dificuldade para coordenar pensamentos e verbalização provocam uma gagueira normal, que irá diminuir e cessar com o passar do tempo (leia Crianças com gagueira). É normal também nesta idade a criança ter uma fala com troca de letras (“b” e “p”, por exemplo) e sílabas (“mánica” em lugar de máquina).
As brincadeiras agora são mais organizadas e cooperativas entre as crianças (brincam juntas, cooperam e interagem umas com as outras). A fantasia e o “faz de conta” estão muito presentes o que faz a criança muitas vezes confundir as brincadeiras com a realidade. Os amigos imaginários também são freqüentes nesta idade.
Também nesta idade a criança demonstra medos relacionados à fantasia e à imaginação (do escuro, de monstros e de fantasmas, entre outros).
No final deste período a criança está pronta para ingressar no sistema formal de ensino e iniciar o processo de alfabetização.

Crianças entre 2 e 3 anos frequentemente apresentam disfluência (gaguejam), mas isto geralmente é normal e transitório.

Muitas crianças entre dois e quatro anos de idade apresentam episódios de gagueira ou disfluência (repetição de sílabas ou palavras). Geralmente estes episódios são transitórios e duram poucos meses, ocorrendo em conseqüência de uma combinação de vários fatores que interagem entre si durante o desenvolvimento da fala. Um destes fatores é a presença de um raciocino mental muito mais veloz do que a capacidade de articular palavras e organizar frases nesta idade.

O rápido fluxo de pensamentos, geralmente associado à ansiedade para contar rapidamente algo importante ou que impressionou muito, também contribui para que a criança apresente alguma dificuldade para produzir um ritmo regular e suave em sua fala. Esta disfluência pode aumentar quando a criança está ansiosa, cansada ou doente e quando está tentando dominar muitas palavras novas.

Os pais podem ficar tranqüilos quanto à excelente evolução deste distúrbio transitório da linguagem e devem ser orientados a não interferirem ou chamarem a atenção para o fato. Sua contribuição estará em proporcionarem como exemplo uma linguagem simples e com fluxo calmo, assim como terem paciência e tempo disponíveis para permitirem à criança organizar a coordenação de seus pensamentos com a fala. Pais ansiosos quanto ao fato do filho gaguejar pode acentuar uma característica que irá desaparecer naturalmente.

Uma minoria das crianças que apresentam disfluência nesta idade, cerca de 1 ou 2%, necessitará de tratamento especializado. Estes poucos casos, que persistem por mais tempo do que o habitual, podem estar associados a uma história familiar de gagueira, sugerindo uma predisposição hereditária.

Uma característica que pode estar relacionada com a tendência da gagueira tornar-se um problema persistente é a percepção pela criança da dificuldade para articular as palavras, gerando sinais de ansiedade como fazer caretas, ou bater o pé. Nestes casos, onde a criança tem consciência do problema e percebe que sua fala está sendo julgada como fora do padrão normal, ela pode ter sua auto-estima prejudicada.

A disfluência que persiste após os cinco anos de idade, está associada a outros distúrbios da linguagem ou quando a criança manifesta preocupação quanto ao fato de estar gaguejando necessita de avaliação e tratamento.



Uma pesquisa publicada recentemente na revista Pediatrics (janeiro de 2009) realizada com 1619 crianças australianas com menos de 3 anos de idade mostrou um percentual de 8,5% de casos com gagueira confirmada. A idade média de início foi de 30 meses de idade. A maioria dos pais observou o início da gagueira quando a criança começou a unir três ou mais palavras numa frase. Um grande vocabulário da criança foi associado a maior incidência de gagueira na criança pequena.

Esta pesquisa reforça a necessidade de os pais e outros profissionais que cuidam de crianças estarem cientes de que o fato da criança começar a gaguejar antes dos 3 anos de idade é muito frequente (especialmente em crianças com amplo vocabulário), casual (não é uma característica constante na fala da criança) e desaparece com o tempo.

Um comentário: